terça-feira, 15 de setembro de 2009

Família, boa música e boa comida

Para mim,esses são três grandes pilares para a felcidade.
Nos dias de hoje, uma das coisas que mais valorizo é estar com minha família. Meus filhos, minha mãe, irmão, sobrinhos...Isso parace muito comum, mas não é. Acho graça de algumas cenas que presenciei e que revelam a admiração das pessoas pela preferência, a "caretice" de querer estar com a famíla.
Nada se compara, no entanto,ao item "boa música". Como é variável o conceito de boa música!Tenho tido grandes problemas a partir dele. Na academia, por exemplo. Alguém sabe me dizer por que música de academia tem que ser sempre muito alta e estridente? Dizem que tem a ver com o ritmo, que deve estimular o exercício. Só que ritmo é uma coisa, volume é outra! Tive um professor de ginástica que havia perdido 30% da audição. Não me adimira. A música era tão alta que um dia não aguentei e sai pela porta a fora, para nunca mais voltar àquela academia. E a qualidade da música? Na academia que frequento, há várias pessoas "maduras" , que como eu, foram criadas com música instrumental, ou seja, música. No entanto, os instrutores , todos garotos novos que nem se formaram ainda, desconsideram nossa presença e insistem em colocar uma música estridente,que só tem guitara, sem letra, sem que se reconheça mesmo os instrumentos que são (são?) usados. Por que não gostam de boa música, esses rapazes?
O único item em torno do qual parece não haver discordância é sobre boa comida.Ir a bons restaurantes, comer um bom filé, acompanhado de bom vinho...Quem não gosta?
Será que os instrutores das academias preferem churrasco a um risoto, acompanhado de bom filé?
Mistérios...Esses são mistérios diferentes daqueles criados por Poe.Mais fácil entender "A casa de Usher" que a cabeça desse pessoal.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Diga-me, espelho meu....

Na história de Banca de Neve, a bela rainha, ao consultar seu espelho mágico, ouve aquilo que não queria: Tu és bela, mas Branca de Neve é mais bela ainda!
Estava feita a confusão! Mulher nenhuma gosta de saber que não é mais considerada bela, ou não é mais vista como "a mais bela". Não me surpreende que tenha enlouquecido! Além de perder o trono da beleza, perder para a enteada, rival do amor e da atenção do rei...
Meu rei já não vive, não tenho amor por que lutar, mas como a bela rainha,ressinto-me com o espelho, que teima em mostrar aquilo que não quero ver, que teima em esconder a menina que fui e deixar que essa mulher, de rosto tão marcado- diga lá, Cecília Meireles...- se apresente todos os dias, sem que seja solicitada.
Não há razão para mortes, maçãs envenenadas anões a marchar, cantando, em direção ao trabalho...Mas meu coração, que não combina com esse rosto, ainda chora pelo príncipe encantado, que se foi, sem cavalo branco, para nunca mais voltar, e mesmo assim, o espelho, em seu diálogo mudo, insiste em refletir esse rosto, que aponta para a solidão .

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Feriado em Curitiba




O carnaval em Curitiba já foi tema de vários escritores que aqui vivem, como Roberto Gomes e Cristóvão Teza, mas o sete de setembro não foi comentado. Talvez porque o princípio seja o mesmo: a cidade fica vazia e nem mesmo o desfile cívico- no centro cívico, claro- é suficiente para animar a cidade. Para completar, o tempo não ajudou: choveu- para variar- e fez um friozinho, nada muito forte, apesar de ainda não ter começado a Primavera.


Mas gosto da cidade assim. Quando vim morar aqui, há vinte anos, esta era uma cidade pequena ainda, embora capital. Vivia-se melhor- Dalton Trevisan que o diga! embora eu não ache que Jaime Lerner seja o responsável pelas mudanças- era um lugar ainda calmo, sem o trânsito louco que enfrentamos todos os dias. Por isso foi bom andar pela cidade , livre, sem engarrafamentos, mais vazia do que aos domingos.


Curitiba é uma cidade agradável, apesar de não ser mais aquela que a mídia paranaense costumava vender para o resto do país.Lembro que quando no Rio de Janeiro eu dizia a alguém que morava em Curitiba, o comentário era sempre o mesmo: Que beleza de cidade, não é? Não tem assalto, cidade calma...Bem, já existe muita violência aqui, proporcionalmente, tanta quanto no Rio. Já não se pode sair à rua sem se preocupar com os arredores. Há que se olhar para os lados, cuidar com quem chega, estar atento a tudo e todos. No trânsito, já fui agredida por um rapaz novo, com cabelo à moicano, que encostou seu carro no meu e tentou mover meu carro, empurrando com o seu. Isso porque ele havia me fechado e meu amado o chamou de mané! Nem foi de fdap! Nada calma a cidade hoje...
Talvez por tudo isso eu tenha gostado tanto de ter ficado aqui neste feriado: vi a outra Curitiba, aquela que, como Dalton Trevisan, eu amo e viajo....
E, quebom!-amanhã tem mais feriado, tem mais cidade calma, feriado que é só aqui...mais uma generosidade da cidade, que nos presenteia com dois dias seguidos de paz!

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

É uma brasa, mora?


Ontem fui ao Teatro Positivo, ver um show da Jovem Guarda. No programa, Renato e seus blue caps, Os Incríveis e Jerry Adriane.

Mais do que balzaquiana, me senti bem à vontade entre aqueles homens carecas, barrigudinhos, grisalhos, animadíssimos, que faziam par com minhas vizinhas de poltrona, igualmente redondinhas, louras (a mulher não fica grisalha) e, em alguns casos, também animadíssimas.
Fiquei imaginando como teriam sido aqueles senhores, há quarenta anos atrás. A toda hora os próprios integrantes dos conjuntos- naquela época não eram "bandas", só a do Chico Buarque...- faziam referência à idade, ao longo tempo de existência da Jovem Guarda..O Sid, do Renato e seus blue caps, fez uma referência pseudo-engraçada à presença de celulites e gordurinhas na plateia; Jerry Adriane se referiu à dificuldade de se movimentar no palco, mas não deixou de atender às fãs e distribuir beijinhos, como nos velhos tempos...Chegou mesmo a receber- além dos gritinhos de Lindo!- presente de 2 fãs...
Os Incríveis foram mais discretos, não fizeram menção à idade, a não ser para contar a história do grupo, que completa 45 anos.
Nada disso, na verdade, fez diferença. O show foi bom. Foi gostoso ouvir as músicas que embalaram meus domingos, quando tinha 13 anos e ía à domingueira com minhas primas e meu tio.Sim, porque naquela época- bons tempos!- moças entre 13 e 15 anos não saíam sozinhas para um baile! E lá íamos nós, atravessando a linha do trem, andando para o Imperial, com o coração batendo rápido, diante da expectativa de mais um baile...Todos eles eram incríveis...
Por isso, quando vi senhoras arredondadas correndo em direção ao palco, máquina fotográfica na mão e brilho nos olhos, quando percebi a dificuldade em se abaixar para fotografar o ídolo, e percebi o tremor das mãosque seguravam as dele entre as suas, sorri e me emocionei.
Era uma emoção verdadeira, como verdadeiro foi aquele tempo, em que nós, meninas e meninos adolescentes, vibramos, dançamos, sonhamos e vivemos, ao som desses homens que povoam nossas lembranças e ontem, numa surpeendente noite quente em Curitiba, estiveram presentes em nossas vidas, numa deliciosa viagem no tempo.